quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Projeto de brasileira lança novo olhar sobre origem e destino de escravos


Uma jornalista brasileira radicada nos Estados Unidos se dedica, há mais de uma década, à missão de registrar e divulgar a história de vítimas da escravidão e o destino de seus descentes.
O objetivo de Ana Alakija, que é descendente de um clã de um antigo reino iorubá, o segundo maior grupo étnico nigeriano, é destacar aspectos pouco explorados pela ensino oficial de história.
Ana Alakija
Jornalista Ana Alakika, brasileira radicada nos EUA, que desenvolve projeto de registro de história de vítimas da escravidão
Jornalista Ana Alakija, brasileira radicada nos EUA, que desenvolve projeto de registro de história de vítimas da escravidão

"Peço licença aos meus antepassados africanos para quebrar a tradição de passar nossa história oralmente e apresentar suas memórias de forma mais concreta", disse à BBC Brasil.
Desde 1997, a jornalista vem reunindo informações e documentos coletados no Brasil e também na África - especificamente em Lagos, na Nigéria - para onde um grupo de africanos e descendentes voltou após a abolição da escravatura.
O esforço resultou na produção de um documentário, um livro e uma série de exposições com fotos, documentos e artesanatos que ilustram a trajetória do grupo interconectado pelo Atlântico.
ESCRAVIDÃO NO BRASIL
Estima-se que metade dos cerca de 13 milhões de africanos capturados para servirem de escravos nas Américas tenham sido enviados para o Brasil.
Ana se concentra na história que não é ensinada nas escolas, mostrando as conquistas e as contribuições intelectuais, comerciais e políticas dos africanos à sociedade, antes e depois da escravatura.
Um número expressivo de vítimas, por exemplo, fazia parte da elite política e religiosa iorubá, e esses indivíduos foram vendidos como escravos porque eram prisioneiros de guerra. Isso representa uma perspectiva histórica diferente da ideia de servidão passiva dos escravos que é geralmente contada nas salas de aula, segundo a pesquisadora.
Muitos dos escravos brasileiros alforriados reconquistaram o status social de seus antepassados, tornando-se médicos, advogados, comerciantes, políticos e donos de propriedades, tanto na África quanto no Brasil.
Um exemplo do fenômeno é o destino da própria família Alakija, que conectou os dois continentes mesmo após a abolição da escravatura, em 1888.
"Meus bisavós eram vizinhos na África, mas só se conheceram no Brasil. Meu bisavô reconquistou seu título de nobreza e dinheiro quando voltou à Nigéria, estabelecendo lá uma plantação de algodão com o que aprendeu no Brasil", disse Ana.
O avô da jornalista, Maxwell Alakija, visitou o Brasil na infância e se apaixonou pelo país. No início do século 20, o filho do próspero fazendeiro decidiu estudar advocacia em Salvador, que já contava com uma renomada faculdade de direito. Na Bahia, ele fez carreira como advogado e teve três filhos. O pai de Ana e seu irmão se dedicaram à medicina, e o irmão deles optou pela engenharia civil.
O objetivo da historiadora é que a preservação e divulgação do papel dos negros na África e nas Américas contribuam com a continuidade dos vínculos originalmente estabelecidos entre esses continentes. "Esse diálogo pode ajudar a criar um entendimento mútuo para os relacionamentos entre brancos e negros nas sociedades modernas e multiculturais", disse Ana.
O projeto da jornalista é intitulado Memorial Alakija e já está programado para ser promovido nos próximos meses em eventos no Brasil, Nigéria, Estados Unidos e alguns países europeus. "Quero ter um sentimento de missão cumprida", afirma Ana.

fonte: www.folha.uol.com.br - 18/10/2012

terça-feira, 31 de julho de 2012

Versificação: o Esquema Rimático

Talvez a forma mais conhecida de analisar a rima, entre os estudantes, seja a do agrupamento dos versos. Para o fazer, os alunos são aconselhados a utilizar o chamado esquema rimático. Para isso, escreve-se uma letra à frente da terminação de cada verso; se a terminação se repetir, repetir-se-á a letra, caso contrário, escreve-se uma nova letra, seguindo o alfabeto. Analisemos agora algumas estrofes para compreender não só como se utiliza o esquema rimático, mas também a designação que cada esquema recebe:
Naquele pique-nique de burguesas, - A
Houve uma coisa simplesmente bela, - B
E que, sem ter história nem grandezas, - A
Em todo o caso dava uma aguarela. - B
Nesta estrofe de um poema de Cesário Verde, os versos rimam alternadamente, seguindo o esquema ABAB. Esta é a chamada rima cruzada ou alternada, que será, talvez, o tipo de rima mais comum.
Ai flores, ai flores do verde pino - A
se sabedes novas do meu amigo - A
ai Deus, e u é? - refrão
Ai flores, ai flores do verde ramo - B
se sabedes novas do meu amado - B
ai Deus, e u é? - refrão
Sendo uma cantiga de amigo, uma das mais famosas escritas por D. Dinis, o excerto deste poema apresenta uma estrutura própria. Tipicamente, as cantigas de amigo são constituídas por dísticos e monósticos, sendo que estes últimas constituem o refrão. No excerto apresentado, os dísticos apresentam um esquema AABB. Esta é a rima emparelhada, uma palavra que designa dois versos organizados como uma parelha, ou seja, agrupados aos pares.
Saudade! Olhar de minha mãe rezando - A
E o pranto lento deslizando em fio... - B
Saudade! Amor da minha terra... O rio - B
Cantigas de águas claras soluçando - A
Neste poema de Da Costa e Silva estamos perante uma forma da chamada rima interpolada ou oposta. Neste exemplo, temos dois versos que rimam separados por outros dois versos que rimam, num esquema ABBA. No entanto, o termo também se aplica quando dois versos que rimam estão separados por dois ou mais versos que não rimam entre si, num esquema ABCDA.
Sei de uma criatura antiga e formidável, - A
Que a si mesma devora os membros e as entranhas - B
Com a sofreguidão da fome insaciável. - A
Dorme que eu velo, sedutora imagem,
grata miragem que no ermo vi;
Dorme - impossível - que encontrei na vida,
dorme, querida, que eu descanso aqui.
Eis dois casos diferentes da chamada rima encadeada. No primeiro excerto, de um poema de Machado de Assis, estamos perante a forma mais comum deste tipo de rima, que surge quando dois versos que rimam estão separados por um verso, num esquema ABA. Mas também se utiliza o termo de rima encadeada quando se fala de um tipo de rima interior, como ocorre no excerto de uma composição poética de Tomás Ribeiro, quando a palavra final de um verso rima com uma palavra que está no meio do verso seguinte.
Café coado na hora
adoçado a rapadura bem escura,
Este excerto de um poema de Drummond de Andrade ilustra a rima leonina, um tipo de rima interior onde uma palavra no meio de um verso rima com a última palavra desse mesmo verso.
Donzela bela, que me inspira a lira,
Um canto santo de fremente amor
Ao bardo o cardo da tremenda senda
Estanca, arranca-lhe a terrível dor.
Com este quarteto de Castro Alves, eis-nos perante mais uma rima interior, desta feita a rima com eco.
Falta agora mencionar um outro tipo de rima (ou ausência de) que se vulgarizou com os poetas românticos do século XIX: o verso branco ou verso solto, referindo as produções poéticas que não estão sujeitas a rima.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

REINO PLANTAE

Os vegetais são divididos em dois grupos: as criptógamas, grupo de plantas cujos órgãos sexuais não são aparentes ( não produzem flores), e as fanerógamas, grupo de plantas cujos órgãos sexuais são aparentes (produzem flores).

Duas formas básicas de reprodução.

1- Reprodução assexuada ou agâmica: onde unidades reprodutivas, provenientes de partes do organismo originam diretamente um outro indivíduo. Ex.: esporos, tubérculos, estolhos, brotamentos em caules e folhas, etc.

2- Reprodução sexuada ou gâmica: através da união de duas unidades reprodutivas unicelulares, os gametas (singamia). Em todas as plantas terrestres, além de muitas algas e fungos, ocorre um ciclo vital com alternância de gerações haplóide e diplóide (ciclo haplodiplôntico).

CRIPTÓGAMAS

Algas

Vegetais aquáticos ou próprios de locais úmidos e provenidos de talo (corpo sem tecido). São uni ou pluricelulares.

Poema 'Pronominais'

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
  • Oswald de Andrade

Emprego dos tempos e modos verbais

Modo verbal:
O falante, ao enunciar o processo verbal, pode tomar várias atitudes em relação ao que enuncia: de certeza, de dúvida, de ordem, etc.
O modo verbal revela a atitude do falante ao enunciar o processo.
Pode ser:
a) indicativo: revela o fato de modo certo, preciso, seja ele passado, presente ou futuro.
Ele deitou na rede
b) subjetivo: revela o fato de modo incerto, duvidoso.
Se todos estudassem, a aprovação seria maior.
c) imperativo: exprime uma atitude de mando, ordem ou solicitação.
Fique quieto.
Emprego dos tempos verbais.
Há em Português, basicamente, três tempos verbais:
a) presente: revela um fato que ocorre no momento em que se fala.
Neste instante ele olha para mim.
b) passado: revela um fato que ocorreu anteriormente ao momento em que se fala.
Ele saiu com os amigos.
c) futuro: revela um fato que deverá ocorrer posteriormente ao momento em que se fala.
Amanhã terei aula de Português.
Essa divisão dos tempos verbais em passado, presente e futuro não esgota todas as variações que o verbo pode assumir em relação à categoria tempo, já que esses tempos verbais se subdividem e, muitas vezes, assumem outros matizes, alterando de maneira bastante sensível a significação inicial.
Sem pretender esgotar o assunto, vejamos alguns empregos significativos dos tempos verbais.
1. presente do indicativo: exprime um fato que ocorre no momento em que se fala. Vejo um pássaro na janela
O presente do indicativo também é usado para:
a) exprimir uma verdade científica, um axioma:
A Terra é redonda.
Por um ponto passam infinitas retas.
b) para exprimir uma ação habitual:
Aos domingos não saio de casa.
c) para dar atualidade a fatos ocorridos no passado:
Cabral chega ao Brasil em 1500.
d) para indicar fato futuro bastante próximo, quando se tem certeza de que ele ocorrerá:
Amanhã faço os exercícios.
2. pretérito perfeito do indicativo: exprime um fato já concluído anteriormente ao momento em que se fala.
Ontem eu reguei as plantas do jardim.
3. pretérito imperfeito do indicativo: exprime um fato anterior ao momento em que se fala, mas não o toma como concluído, acabado. Revela, pois, o fato em seu curso, em sua duração.
Ele falava muito durante as aulas.
4. pretérito mais-que-perfeito do indicativo: indica um fato passado que já foi concluído, em relação a outro fato também passado.
Quando você resolveu o problema, eu já o resolvera.
Obs.: Na linguagem atual tem-se usado com mais freqüência o pretérito mais-que-perfeito composto.
Quando você resolveu o problema, eu já o tinha resolvido.
O mais-que-perfeito é, em alguns casos, usado no lugar do futuro do pretérito ou do imperfeito do subjuntivo.
"…mais servira, se não fora Para tão longo amor tão curta a vida!"(Camões) servira = serviria; fora = fosse)
5. futuro do presente: exprime um fato, posterior ao momento em que se fala, tido com certo.
Amanhã chegarão os meus pais. A
s aulas começarão segunda-feira.
O futuro do presente pode ser empregado para exprimir idéia de incerteza, de dúvida. Serei eu o único culpado?
6. futuro do pretérito: exprime um fato futuro tomado em relação a um fato passado.
Ontem você me disse que viria à escola.
O futuro do pretérito também pode ser usado para indicar incerteza, dúvida.
Seriam mais ou menos dez horas quando ele chegou.
Usa-se ainda o futuro do pretérito, em vez do presente do indicativo ou do imperativo, como forma de cortesia, de boa educação.
Você me faria um favor?
Emprego do infinitivo:
Não é fácil sistematizar o emprego do infinitivo em Português, já que, além do infinitivo impessoal, nossa língua apresenta também o infinitivo pessoal (ou flexionado). Emprega-se o infinitivo impessoal:
1. quando ele não estiver se referindo a nenhum sujeito:
É preciso sair.
2. na função de complemento nominal (virá regido de preposição):
Esses exercícios eram fáceis de resolver.
3. quando ele faz parte de uma locução verbal:
Eles deviam ir ao cinema.
4. quando, dependente dos verbos deixar, fazer, ouvir, sentir, mandar, ele tiver por sujeito um pronome oblíquo:
Mandei-os sair. Deixei-os falar.
5. com valor de imperativo:
Fazer silêncio, por favor.
Emprega-se o infinitivo pessoal: * quando ele tiver sujeito próprio (expresso ou implícito) diferente do sujeito da oração principal:
O remédio era ficarmos em casa.
O costume é os jovens falarem e os velhos ouvirem.
Além dos casos mencionados, em que é obrigatório o uso de uma ou de outra forma, quando o infinitivo for regido de preposição (com exceção de a), admite-se indiferentemente o uso das duas formas.
Viemos aqui para cumprimentar (ou cumprimentarmos) os vencedores.
Tempos derivados do presente do indicativo
O presente do indicativo é um tempo primitivo. Da primeira pessoa do singular do presente do indicativo obtêm-se: o presente do subjuntivo; o imperativo negativo.
Obs.: Evidentemente, se o verbo não possui a primeira pessoa do singular do presente do indicativo, não possuirá também o presente do subjuntivo e o imperativo negativo. O imperativo afirmativo provém em parte do presente do indicativo (as segundas pessoas) e em parte do presente do subjuntivo (as demais pessoas). 

Flexão verbal - Flexão nominal
Verbos irregulares irregular:
quando se afasta do modelo da conjugação.
Para se saber se um verbo é irregular, deve-se conjugá-lo no presente do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo. Se houver qualquer irregularidade, ela se manifestará em um desses dois tempos.


Vozes do verbo
As vozes verbais são três:
1. voz ativa: quando o sujeito é o agente, isto é, aquele que executa a ação expressa pelo verbo.
O macaco comeu a banana.
O aluno leu o livro.

2. voz passiva: quando o sujeito é o paciente, isto é, o receptor da ação expressa pelo verbo.
Há dois tipos de voz passiva:
a) voz passiva analítica: formada por verbo auxiliar mais particípio. A banana foi comida pelo macaco.
O livro foi lido pelo aluno.
b) voz passiva sintética (ou pronominal): quando é formada pelo verbo na terceira pessoa mais a partícula apassivadora se.
Comeu-se a banana.
Leu-se o livro.

3. voz reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente, isto é, executor e receptor da ação expressa pelo verbo.
O macaco cortou-se.
O aluno feriu-se.

Concordância Nominal

CONCORDÂNCIA NOMINAL
A concordância nominal se baseia na relação entre um substantivo (ou pronome, ou numeral substantivo) e as palavras que a ele se ligam para caracterizá-lo (artigos, adjetivos,  pronomes adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Basicamente, ocupa-se  da relação entre nomes.
Lembre-se: normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as seguintes regras gerais:
1) O adjetivo concorda em gênero e número quando se refere a um único substantivo.
Por Exemplo:


As mãos trêmulas denunciavam o que sentia.
2) Quando o adjetivo se refere a vários substantivos, a concordância pode variar. Podemos sistematizar essa flexão nos seguintes casos:
a) Adjetivo anteposto aos substantivos:
- O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo.
Por Exemplo:


Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor  e a roupa.

- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
Por Exemplo:


As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.

b) Adjetivo posposto aos substantivos:
- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou com todos eles (assumindo forma masculino plural se houver substantivo feminino e masculino).
Exemplos:


A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.

Obs.: os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado no plural masculino, que é o gênero predominante quando há substantivos de gêneros diferentes.
- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o adjetivo fica no singular ou plural.
Exemplos:

A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo não for acompanhado de nenhum modificador.
Por Exemplo:


Água é bom para saúde.
b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for modificado por um artigo ou qualquer outro determinativo.
Por Exemplo:


Esta água é boa para saúde.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os pronomes pessoais a que se refere.
Por Exemplo:


Juliana as viu ontem muito felizes.
5) Nas expressões formadas por pronome indefinido neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + adjetivo, este último geralmente é usado no masculino singular.
Por Exemplo:


Os jovens tinham algo de misterioso.
6) A palavra "só", quando equivale a "sozinho", tem função adjetiva e concorda normalmente com o nome a que se refere.
Por Exemplo:


Cristina saiu só.
Cristina e Débora saíram sós.

Obs.: quando a palavra "só" equivale a "somente" ou "apenas", tem função adverbial, ficando, portanto, invariável.
Por Exemplo:


Eles só desejam ganhar presentes.
7) Quando um único substantivo é modificado por dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as construções:
a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o artigo antes do último adjetivo.
Por Exemplo:


Admiro a cultura espanhola e a portuguesa.
b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo antes do adjetivo.
Por Exemplo:


Admiro as culturas espanhola e portuguesa.
Obs.: veja esta construção:


Estudo a cultura espanhola e portuguesa.
Note que  ela  provoca incerteza: trata-se de duas culturas distintas ou de uma única, espano-portuguesa? Procure evitar construções desse tipo.

Colocação Pronominal

Sobre os pronomes:

O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desempenha função de complemento. Vamos entender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na frase e que função exerce. Observe as orações:

1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia ajudá-lo.

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo função de complemento, e consequentemente é do caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).
Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do pronome oblíquo "lhe" é justificado antes do verbo intransitivo "ajudar" porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso "ajudar ") estiver no infinitivo ou gerúndio. 
Exemplo: Eu desejo lhe perguntar algo.
Eu estou perguntando-lhe algo.

Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente dos segundos que são sempre precedidos de preposição.

Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava fazendo.
Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que eu estava fazendo.

Colocação pronominal

De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bellezi, a colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se referem.

São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.

O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na oração em relação ao verbo:
1. próclise: pronome antes do verbo
2. ênclise: pronome depois do verbo
3. mesóclise: pronome no meio do verbo

Próclise

A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:

• Palavras com sentido negativo:
Nada me faz querer sair dessa cama.
Não se trata de nenhuma novidade.

• Advérbios:
Nesta casa se fala alemão.
Naquele dia me falaram que a professora não veio.


• Pronomes relativos:
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.

• Pronomes indefinidos:
Quem me disse isso?
Todos se comoveram durante o discurso de despedida.

• Pronomes demonstrativos:
Isso me deixa muito feliz!
Aquilo me incentivou a mudar de atitude!

• Preposição seguida de gerúndio:
Em se tratando de qualidade, o Blog Studying é o site mais indicado à pesquisa escolar.

• Conjunção subordinativa:
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.

Ênclise

A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A ênclise vai acontecer quando:

• O verbo estiver no imperativo afirmativo:
Amem-se uns aos outros.
Sigam-me e não terão derrotas.

• O verbo iniciar a oração:
Diga-lhe que está tudo bem.
Chamaram-me para ser sócio.

• O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da preposição "a":
Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
Passaram a cumprimentar-se mutuamente.

• O verbo estiver no gerúndio:
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreocupada.
Despediu-se, beijando-me a face.

• Houver vírgula ou pausa antes do verbo:
Se passar no vestibular em outra cidade, mudo-me no mesmo instante.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.

Mesóclise

A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no futuro do presente ou no futuro do pretérito:

A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã.
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Concordância Verbal

Ocorre quando o verbo se flexiona para concordar com o seu sujeito.
Exemplos:

Ele gostava daquele seu jeito carinhoso de ser./ Eles gostavam daquele seu jeito carinhoso de ser.

Casos de concordância verbal:

1) Sujeito simples

Regra geral:
O verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa.

Ex.: Nós vamos ao cinema.
O verbo (vamos) está na primeira pessoa do plural para concordar com o sujeito (nós).

Casos especiais:

a) O sujeito é um coletivo - o verbo fica no singular.

Ex.: A multidão gritou pelo rádio.

Atenção:
Se o coletivo vier especificado, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural.

Ex.: A multidão de fãs gritou./ A multidão de fãs gritaram.

b) Coletivos partitivos (metade, a maior parte, maioria, etc.) – o verbo fica no singular ou vai para o plural.

Ex.: A maioria dos alunos foi à excursão./ A maioria dos alunos foram à excursão.

c) O sujeito é um pronome de tratamento - o verbo fica sempre na 3ª pessoa (do singular ou do plural).

Ex.: Vossa Alteza pediu silêncio./ Vossas Altezas pediram silêncio.

d) O sujeito é o pronome relativo "que" – o verbo concorda com o antecedente do pronome.

Ex.: Fui eu que derramei o café./ Fomos nós que derramamos o café.

e) O sujeito é o pronome relativo "quem" - o verbo pode ficar na 3ª pessoa do singular ou concordar com o antecedente do pronome.

Ex.: Fui eu quem derramou o café./ Fui eu quem derramei o café.

f) O sujeito é formado pelas expressões: alguns de nós, poucos de vós, quais de..., quantos de..., etc. - o verbo poderá concordar com o pronome interrogativo ou indefinido ou com o pronome pessoal (nós ou vós).

Ex.: Quais de vós me punirão?/ Quais de vós me punireis?

Dicas:
Com os pronomes interrogativos ou indefinidos no singular, o verbo concorda com eles em pessoa e número.

Ex.: Qual de vós me punirá.

g) O sujeito é formado de nomes que só aparecem no plural - se o sujeito não vier precedido de artigo, o verbo ficará no singular. Caso venha antecipado de artigo, o verbo concordará com o artigo.

Ex.: Estados Unidos é uma nação poderosa./ Os Estados Unidos são a maior potência mundial.

h) O sujeito é formado pelas expressões: mais de um, menos de dois, cerca de..., etc. – o verbo concorda com o numeral.

Ex.: Mais de um aluno não compareceu à aula./ Mais de cinco alunos não compareceram à aula.

i) O sujeito é constituído pelas expressões: a maioria, a maior parte, grande parte, etc. - o verbo poderá ser usado no singular (concordância lógica) ou no plural (concordância atrativa).

Ex.: A maioria dos candidatos desistiu./ A maioria dos candidatos desistiram.

j) O sujeito tiver por núcleo a palavra gente (sentido coletivo) - o verbo poderá ser usado no singular ou plural, se este vier afastado do substantivo.

Ex.: A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanece em casa./ A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanecem em casa.

2) Sujeito composto

Regra geral
O verbo vai para o plural.

Ex.: João e Maria foram passear no bosque.

Casos especiais:

a) Os núcleos do sujeito são constituídos de pessoas gramaticais diferentes -
o verbo ficará no plural seguindo-se a ordem de prioridade: 1ª, 2ª e 3ª pessoa.

Ex.: Eu (1ª pessoa) e ele (3ª pessoa) nos tornaremos (1ª pessoa plural) amigos.
O verbo ficou na 1ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª.

Ex: Tu (2ª pessoa) e ele (3ª pessoa) vos tornareis (2ª pessoa do plural) amigos.
O verbo ficou na 2ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª.

Atenção:
No caso acima, também é comum a concordância do verbo com a terceira pessoa.

Ex.: Tu e ele se tornarão amigos. (3ª pessoa do plural)

Se o sujeito estiver posposto, permite-se também a concordância por atração com o núcleo mais próximo do verbo.

Ex.: Irei eu e minhas amigas.

b) Os núcleos do sujeito estão coordenados assindeticamente ou ligados por “e” - o verbo concordará com os dois núcleos.

Ex.: A jovem e a sua amiga seguiram a pé.

Atenção:
Se o sujeito estiver posposto, permite-se a concordância por atração com o núcleo mais próximo do verbo.

Ex.: Seguiria a pé a jovem e a sua amiga.

c) Os núcleos do sujeito são sinônimos (ou quase) e estão no singular - o verbo poderá ficar no plural (concordância lógica) ou no singular (concordância atrativa).

Ex.: A angústia e ansiedade não o ajudavam a se concentrar./ A angústia e ansiedade não o ajudava a se concentrar.

d) Quando há gradação entre os núcleos - o verbo pode concordar com todos os núcleos (lógica) ou apenas com o núcleo mais próximo.

Ex.: Uma palavra, um gesto, um olhar bastavam./ Uma palavra, um gesto, um olhar bastava.

e) Quando os sujeitos forem resumidos por nada, tudo, ninguém... - o verbo concordará com o aposto resumidor.

Ex.: Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada o comoveu.

f) Quando o sujeito for constituído pelas expressões: um e outro, nem um nem outro... -
o verbo poderá ficar no singular ou no plural.

Ex.: Um e outro já veio./ Um e outro já vieram.

g) Quando os núcleos do sujeito estiverem ligados por ou - o verbo irá para o singular quando a ideia for de exclusão, e para o plural quando for de inclusão.
Exemplos:

Pedro ou Antônio ganhará o prêmio. (exclusão)
A poluição sonora ou a poluição do ar são nocivas ao homem. (adição, inclusão)

h) Quando os sujeitos estiverem ligados pelas séries correlativas (tanto... como/ assim... como/ não só... mas também, etc.) - o que comumente ocorre é o verbo ir para o plural, embora o singular seja aceitável se os núcleos estiverem no singular.
Exemplos:

Tanto Erundina quanto Collor perderam as eleições municipais em São Paulo.

Tanto Erundina quanto Collor perdeu as eleições municipais em São Paulo.

Outros casos:

1) Partícula “SE”:

a - Partícula apassivadora:
o verbo ( transitivo direto) concordará com o sujeito passivo.

Ex.: Vende-se carro./ Vendem-se carros.

b- Índice de indeterminação do sujeito: o verbo (transitivo indireto) ficará, obrigatoriamente, no singular.
Exemplos:

Precisa-se de secretárias.
Confia-se em pessoas honestas.

2) Verbos impessoais

São aqueles que não possuem sujeito. Portanto, ficarão sempre na 3ª pessoa do singular.
Exemplos:

Havia sérios problemas na cidade.
Fazia quinze anos que ele havia parado de estudar.
Deve haver sérios problemas na cidade.
Vai fazer quinze anos que ele parou de estudar.

Dicas:
Os verbos auxiliares (deve, vai) acompanham os verbos principais.
O verbo existir não é impessoal. Veja:

Existem sérios problemas na cidade.
Devem existir sérios problemas na cidade.

3) Verbos dar, bater e soar

Quando usados na indicação de horas, possuem sujeito (relógio, hora, horas, badaladas...), e com ele devem concordar.
Exemplos:

O relógio deu duas horas.
Deram duas horas no relógio da estação.
Deu uma hora no relógio da estação.
O sino da igreja bateu cinco badaladas.
Bateram cinco badaladas no sino da igreja.
Soaram dez badaladas no relógio da escola.

4) Sujeito oracional

Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do singular.

Ex.: Ainda falta dar os últimos retoques na pintura.

5) Concordância com o infinitivo

a) Infinitivo pessoal e sujeito expresso na oração:

-
não se flexiona o infinitivo se o sujeito for representado por pronome pessoal oblíquo átono.

Ex.: Esperei-as chegar.

- é facultativa a flexão do infinitivo se o sujeito não for representado por pronome átono e se o verbo da oração determinada pelo infinitivo for causativo (mandar, deixar, fazer) ou sensitivo (ver, ouvir, sentir e sinônimos).
Exemplos:

Mandei sair os alunos.
Mandei saírem os alunos.

- flexiona-se obrigatoriamente o infinitivo se o sujeito for diferente de pronome átono e determinante de verbo não causativo nem sensitivo.

Ex.: Esperei saírem todos.

b) Infinitivo pessoal e sujeito oculto

- não se flexiona o infinitivo precedido de preposição com valor de gerúndio.
Ex.: Passamos horas a comentar o filme. (comentando)

- é facultativa a flexão do infinitivo quando seu sujeito for idêntico ao da oração principal.
Ex.: Antes de (tu) responder, (tu) lerás o texto./Antes de (tu) responderes, (tu) lerás o texto.

- é facultativa a flexão do infinitivo que tem seu sujeito diferente do sujeito da oração principal e está indicado por algum termo do contexto.
Ex.: Ele nos deu o direito de contestar./Ele nos deu o direito de contestarmos.

- é obrigatória a flexão do infinitivo que tem seu sujeito diferente do sujeito da oração principal e não está indicado por nenhum termo no contexto.
Ex.: Não sei como saiu sem notarem o fato.

c) Quando o infinitivo pessoal está em uma locução verbal

- não se flexiona o infinitivo, sendo este o verbo principal da locução verbal, quando em virtude da ordem dos termos da oração, sua ligação com o verbo auxiliar for nítida.

Ex.: Acabamos de fazer os exercícios.

- é facultativa a flexão do infinitivo, sendo este o verbo principal da locução verbal, quando o verbo auxiliar estiver afastado ou oculto.
Exemplos:

Não devemos, depois de tantas provas de honestidade, duvidar e reclamar dela.
Não devemos, depois de tantas provas de honestidade, duvidarmos e reclamarmos dela.

6) Concordância com o verbo ser:

a - Quando, em predicados nominais, o sujeito for representado por um dos pronomes: tudo, nada, isto, isso, aquilo -
o verbo “ser” ou “parecer” concordarão com o predicativo.
Exemplos:

Tudo são flores.
Aquilo parecem ilusões.

Dicas:
Poderá ser feita a concordância com o sujeito quando se quer enfatizá-lo.

Ex.: Aquilo é sonhos vãos.

b - O verbo ser concordará com o predicativo quando o sujeito for os pronomes interrogativos: que ou quem.
Exemplos:

Que são gametas?
Quem foram os escolhidos?

c - Em indicações de horas, datas, tempo, distância - a concordância será feita com a expressão numérica
Exemplos:

São nove horas.
É uma hora.

Dicas:
Em indicações de datas, são aceitas as duas concordâncias, pois subentende-se a palavra dia.
Exemplos:

Hoje são 24 de outubro.
Hoje é (dia) 24 de outubro.

d - Quando o sujeito ou predicativo da oração for pronome pessoal, a concordância se dará com o pronome.

Ex.: Aqui o presidente sou eu.

Dicas:
Se os dois termos (sujeito e predicativo) forem pronomes, a concordância será com o que aparece primeiro, considerando o sujeito da oração.

Ex.: Eu não sou tu

e - Se o sujeito for pessoa, a concordância nunca se fará com o predicativo.

Ex.: O menino era as esperanças da família.

f - Nas locuções: é pouco, é muito, é mais de, é menos de, junto a especificações de preço, peso, quantidade, distância e etc., o verbo fica sempre no singular.
Exemplos:

Cento e cinquenta é pouco.
Cem metros é muito.

g - Nas expressões do tipo: ser preciso, ser necessário, ser bom, o verbo e o adjetivo pode ficar invariável (verbo na 3ª pessoa do singular e adjetivo no masculino singular) ou concordar com o sujeito posposto.
Exemplos:

É necessário aqueles materiais.
São necessários aqueles materiais.

h - Na expressão: é que, usada como expletivo, se o sujeito da oração não aparecer entre o verbo “ser” e o “que”, ficará invariável. Se aparecer, o verbo concordará com o sujeito.
Exemplos:

Eles é que sempre chegam atrasados.
São eles que sempre chegam atrasados.

Oração sem Sujeito

Oração Sem Sujeito: é formada apenas pelo predicado e articula-se a partir de um verbo impessoal. Observe a estrutura destas orações:


SujeitoPredicado
-Havia formigas na casa.
-Nevou muito este ano em Nova Iorque.
   É possível constatar que essas orações não têm sujeito. Constituem a enunciação pura e absoluta de um fato, através do predicado. O conteúdo verbal não é atribuído a nenhum ser, a mensagem centra-se no processo verbal. Os casos mais comuns de orações sem sujeito da língua portuguesa ocorrem com:
a) Verbos que exprimem fenômenos da natureza:
Nevar, chover, ventar, gear, trovejar, relampejar, amanhecer, anoitecer, etc.
Por Exemplo:
Choveu muito no inverno passado.
Amanheceu antes do horário previsto.
Observação: quando usados na forma figurada, esses verbos podem ter sujeito determinado.
Por Exemplo:
Choviam crianças na distribuição de brindes. (crianças=sujeito)
amanheci cansado. (eu=sujeito)
 
b) Verbos ser, estar, fazer e haver, quando usados para indicar uma ideia de tempo ou fenômenos meteorológicos:
Ser:
É noite. (Período do dia)
Eram duas horas da manhã. (Hora)
Obs.:  ao indicar tempo, o verbo ser varia de acordo com a expressão numérica que o acompanha. (É uma hora/ São nove horas)
Hoje é (ou são) 15 de março. (Data)
Obs.: ao indicar data, o verbo ser poderá ficar no singular, subentendendo-se a palavra dia, ou então irá para o plural, concordando com o número de dias.
Estar:
Está tarde. (Tempo)
Está muito quente.(Temperatura)
Fazer:
Faz dois anos que não vejo meu pai. (Tempo decorrido)
Fez 39° C ontem. (Temperatura)
Haver:
Não a vejo anos. (Tempo decorrido)
Havia muitos alunos naquela aula. (Verbo Haver significando existir)
Atenção:Com exceção do verbo ser, os verbos impessoais devem ser usados SEMPRE NA TERCEIRA PESSOA DO SINGULAR. Devemos ter cuidado com os verbos fazer e haver usados impessoalmente: não é possível usá-los no plural.
Por Exemplo:


Faz muitos anos que nos conhecemos.
Deve fazer dias quentes na Bahia.
Veja outros exemplos:


muitas pessoas interessadas na reunião.
Houve muitas pessoas interessadas na reunião.
Havia muitas pessoas interessadas na reunião.
Haverá muitas pessoas interessadas na reunião.
Deve ter havido muitas pessoas interessadas na reunião.
Pode ter havido muitas pessoas interessadas na reunião.

domingo, 1 de abril de 2012

Os seres vivos

Definições..
Célula Eucarionte: possui verdadeiro núcleo (núcleo definido e protegido pelo envoltório nuclear).
Célula Procarionte: relativamente simples e são as que se encontram nas bactérias e cianofícias (algas azuis ou cianobactérias) Procariontes são organismos unicelulares.
Organismo Unicelular: Formado por um único tipo de célula.
Organismo Pluricelular: Formado por vários tipos de células.
Nutrição Autótrofa: Capazes de produzir seu próprio alimento.
Autótrofas Facultativos: são heterótrofas que podem realizar fotossíntese no caso de falta de alimento.
Nutrição Heterótrofa: Quando se alimentam de uma fonte externa.
Processo de Fotossíntese:  A fotossíntese é o processo através do qual as plantas, seres autotróficos e alguns outros organismos transformam energia luminosa em energia química processando o dióxido de carbono (CO2), água (H2O) e minerais em compostos orgânicos e produzindo oxigênio gasoso (O2). Através do processo aqueles seres vivos produzem o seu próprio alimento, constituído essencialmente por açúcares, como a glicose.
Reprodução Sexuada: Na reprodução sexuada há encontro de gametas e fusão dos genótipos de 2 indivíduos diferentes mas da mesma espécie.
Por exemplo o pólem masculino de uma planta fertiliza a oosfera feminina de uma outra planta, ou, o espermatozóide masculino de um animal fecunda o óvulo feminino de outro animal.
Na reprodução sexuada nem sempre tem a cópula entre um ser e outro, ás vezes quem faz o transporte do gameta são outros seres como borboletas, abelhas, morcegos etc... polinizadores que tocam nas flores de flor em flor e vão fazendo a polinização.
Reprodução Assexuada: Na reprodução assexuada não há troca de gametas, um indivíduo se divide em 2 e forma uma cópia idêntica a ele próprio.
É o caso por exemplo de bactérias que fazem a reprodução assexuada por bipartição ou cissiparidade, estrangula-se no meio e se divide em duas. Há também a reprodução assexuada por brotamento, você pega um galho de uma planta, esse galho produz raízes e se torna em outra planta igual à aquela de onde saiu o galho e forma um broto que gera outro indivíduo daquela espécie sem ter havido atividade sexual, a= não; assexuada = sem sexo.

*Entende-se que sexo é todo o procedimento que leva ao encontro do gameta masculino com o gameta feminino.
*Entende-se que reprodução é a produção de novos indivíduos e independe do método utilizado, a reprodução pode ser de duas formas: reprodução sexuada ou reprodução assexuada.
Obs. A clonagem é uma forma de reprodução assexuada porque na clonagem não existe encontro de gametas.

VÍRUS
Não apresentam organização celular e só se reproduzem se estão dentro de uma célula hospedeira (que é destruída após a sua reprodução)

REINO MONERA
Organismos procariontes, unicelulares, autótrofos por absorção. São as bactérias e as cianofíceas (algas azuis).

BACTÉRIAS
Organismos unicelulares,  capazes de formar, em alguns casos, um conjunto de células associadas denominadas colônias. Quanto à nutrição, podem ser autótrofas ou heterótrofas.. A maioria possui reprodução assexuada por divisão binária.

CIANOFÍCEAS (ALGAS AZUIS)
Organismos unicelulares e capazes de formar colônias que possuem, sempre, pigmentos fotossintetizantes, principalmente ficocianina, que lhes atribui a cor azulada. Daí a dominação de algas azuis.

REINO PROTISTA
Organismos unicelulares, eucariontes, autótrofos ou heterótrofos, de vida livre ou parasitas, podendo ser coloniais. Fazem parte desse reino as algas unicelulares e os protozoários.

PROTOZOÁRIOS 
Organismos preferencialmente heterótrofos. Daí o nome da divisão (animais primitivos), e autótrofos facultativos, ou seja, que podem realizar fotossíntese em caso de escassez de alimento. São unicelulares.
 Predomina a produção assexuada (divisão binária). Alguns protozoários ciliados reproduzem-se por um processo sexuado chamado de conjugação: outros apresentam alternância de gerações sexuada e assexuada (Ex.: esporozoário Plamodium).

FLAGELADOS OU MASTIGÓFOROS
Podem ser autótrofos facultativos ou heterótrofos de vida livre ou parasitas.

CILIADOS
Locomovem-se por meio de cílios, pequenas expansões da membrana plasmática que cobrem toda sua superfície. A maioria é aquática, de vida livre, fixos ou parasitas (Balantidium coli, único protozoário ciliado que parasita o homem).


SARCODÍNEOS OU RIZÓPODES
Locomovem-se por pseudópodes, expansões citoplasmáticas que também servem para a captura de alimento. São heterótrofos.

ESPOROZOÁRIOS
Exclusivamente parasitas, não apresentam estrutura locomotora. Seu nome deriva da capacidade de formar esporos (formas de resistência) durante seu ciclo reprodutivo. O mais conhecido dos esporozóarios é o Plasmodium sp, transmitido pela fêmea do mosquito Anopheles sp, agente causador da malária. 

ALGAS UNICELULARES
Eucariontes unicelulares, isoladas, raramente encontradas em colônias. Autótrofas, contêm os elementos fotossintetizantes ( clorofilas, xantofilas e carotenos).  

REINO FUNGI

Os fungos são organismos eucariontes aclorofilados ( não possiu a clorofila, capaz de trabalhar a fotossintese), heterótrofos.

Por apresentarem características de vegetais (parede celulósica) e dos animais (glicogênio como substancia de reserva), foram agrupados num reino a parte.

Podem ser saprofíticos (decompositores), simbiontes (liquens) e parasitas (micoses).

A reprodução pode ser sexuada ou assexuada, com formação de esporos em ambos os processos.

Ascomicetos: possuem uma estrutura chamada asco, que produz esporos, por exemplo Saccharomices cerevisae ( lêvedo usado na fabricação de cerveja) e Penicilium (produtor da penicilina).

Basidiomicetos: encontramos as formas mais conhecidas de fungos como os cogumelos e orelhas-de-pau. Alguns são comestiveis enquanto outros são venenosos.

LIQUENS

Organismos formados a partir de fungos e algas verdes ou cianoficias.As algas ou cianofícia realizam fotossintese, fornecendo alimento para o fungo e este fornece agua e proteção para as algas e cianofícias.

Podem ser encontradas em rochas, troncos de árvores e no solo.

Apresentam formas variadas - crostoso, ramificado, membranoso e foliáceos.

São os produtores de cadeias alimentares em regiões extremamente frias, servindo de alimento para muitos herbívoros ( rena, por exemplo). Representam um papel fundamental na decomposição de rochas e são sensíveis a poluição. 

sábado, 31 de março de 2012

O Movimento do Caras Pintadas - Entrevista Pedro Collor

Entrevista publicada em 27/5/1992 - Revista Veja

"O PC é o testa-de-ferro do Fernando"

Na tarde da última quarta-feira Pedro Collor tomou um avião em Maceió e chegou a São Paulo após uma escala no Recife. Em com­panhia da mulher. Maria Tereza, e de uma irmã, Ana Luiza, Pedro Collor deu uma entrevista de duas horas a VEJA. A seu pedido, o encontro ocorreu nas dependências da revista. A mulher e a irmã de Pedro Collor foram testemunhas de suas declarações, e chegaram a colaborar em algumas respostas. Além de fazer novas denúncias sobre a atividade de PC Farias no governo, Pedro Collor diz que ele é "testa-de-ferro" do presidente Fernando Collor. Diz que o jornal Tribuna de Alagoas, que PC Farias quer lançar em Maceió, na verdade pertence a seu irmão. Também garante que um apartamento de Paris que se supunha ser propriedade do empresário na realidade pertence a Fernando Collor. Para Pedro Collor, existe uma "simbiose profunda" entre os dois. Os principais trechos da entrevista:

VEJA - O senhor se considera louco?
Pedro Collor - Não, de jeito nenhum.

VEJA - Se a sua própria mãe está falando isso, é o caso de perguntar. Já fez algum tratamento psiquiátrico?
Pedro Collor - Não, nunca fiz tratamento psiquiátrico ou psicanálise. Essa pressão toda tem um objetivo claro. O objetivo foi passar para a opinião pública a sensação de que não tenho credibilidade, que estou sob forte comoção. Convenceram mamãe a assinar aquela carta. Ela é muito ingênua nesse sentido.

VEJA - As suas afirmações e denúncias, os documentos que o senhor levantou contra Paulo César Farias e as críticas que vem fazendo ao Presidente colocam o governo e o país numa situação delicada. O senhor está ciente disso?
Pedro Collor - Absolutamente consciente.

VEJA - O senhor tem dito que suas revelações podem acabar com o governo do seu irmão. E isso que o senhor quer?
Pedro Collor - Não, mas qual foi o principal mote da campanha do Femando? Quem roubava ia para a cadeia. Na prática, estou vendo uma coisa completamente diferente. Ninguém pode enrolar todo mundo o tempo todo.

VEJA - Essa briga começou em torno do lançamento de um novo jornal, que concorreria com a Gazeta de Alagoas, das organizações Arnon de Mello?
Pedro Collor - Em janeiro de 1991, levei ao Fernando, no Palácio do Planalto, o plano de se montar um novo jornal em Alagoas. Seria um jornal vespertino. Já houve no passado vespertinos no Estado, e que pararam por um motivo ou outro, agora não há nenhum. Como achei que havia uma brecha no mercado, e a gráfica do nosso grupo estava ociosa, fiz a proposta ao Fernando. Expliquei que o novo jornal não faria parte do grupo da Gazeta, seria uma iniciativa à parte.

VEJA - O que o presidente achou da idéia?
Pedro Collor - Ele me disse o seguinte: "Não, não leve a idéia do jornal adiante porque eu vou montar uma rede de comunicação paralela em Alagoas com o Paulo César, e essa rede terá um jornal". O Fernando falou que o jornal iria se chamar Tribuna de Alagoas. Disse também que a Tribuna seria impressa na imprensa oficial do Estado. Então perguntei por que ele não imprimia esse novo jornal na gráfica do nosso grupo. O Femando respondeu: "Não".

VEJA - A rede de comunicação seria de PC Farias?
Pedro Collor - O PC seria o testa-de-ferro. Era uma empresa de testa-de-ferro, que teria o jornal e de doze a catorze emissoras de rádio.

VEJA - Qual foi a sua reação a essa rede?
Pedro Collor - Raciocinei que, se o novo jornal ia ser impresso na imprensa oficial, seria em preto-e-branco, um jornal para ocupar espaço, evitar que grupos adversários na política entrassem na área. Dizia-se que não era um jornal para concorrer efetivamente com a Gazeta e, de repente, compraram um maquinário exatamente igual ao nosso, e me tomam funcionários pagando três ou quatro vezes mais do que eles ganham conosco. Então é um negócio para destruir o nosso, certo? Foi aí que a coisa começou. Houve também um problema corri a instalação de rádios. Na mesma reunião em que falei do novo jornal com o Fernando, eu disse que precisávamos também de duas rádios, FMs pequenas ou médias, na periferia de Maceió.

VEJA - Como o senhor conseguiria essas rádios?
Pedro Collor - Pelas vias normais. Essas duas rádios já existiam no plano traçado pelo governo.

VEJA - E obteve as rádios?
Pedro Collor - Obtive duas negativas. Simultaneamente, eles mexeram no plano, a ponto de contemplar todas as cidades que até então não estavam com rádios FM.

VEJA - Isso foi feito por quem?
Pedro Collor - Por solicitação do deputado Augusto Farias, irmão do PC. Vejam bem: converso com ele tentando montar um jornal, falo das rádios que podem entrar. Negam para mim. E viabilizam para eles umas doze rádios que nem estavam cogitadas no plano.

VEJA - O senhor tentou chegar a um acordo sobre o jornal antes de começar a recolher documentos sobre os negócios de PC?
Pedro Collor - Houve tentativas que não deram certo, porque a intenção não era montar um jornal assim ou assado, mas montar um jornal para destruir o nosso. Em fevereiro passado, saiu aquela reportagem do Eduardo Oinegue, em VEJA, sobre o assunto, em que eu chamava o PC de lepra ambulante. Eu estive então com o Cláudio Víeira (secretário particular de Collor, afastado do governo na reforma ministerial). O Cláudio me disse que há cinco dias o Fernando não despachava com ele, nem com o general Agenor, nem com o Marcos Coimbra. O Cláudio Víeira me contou que no dia anterior o Fernando havia se reunido, durante uma hora e meia. com o procurador-geral da República, Aristides Junqueira. Segundo o Cláudio me contou, o procurador disse ao Fernando que, se eu não desmentisse a reportagem de VEJA, o Junqueira iria instaurar um inquérito, e que isso derrubaria o governo. Eu respondi ao Cláudio que não tinha intenção de derrubar o governo de ninguém, que minha intenção era me preservar e alertar que o PC era uma bomba atômica ambulante, independentemente de jornal ou coisa que o valha. Esclareci que não poderia desmentir a reportagem pura e simplesmente, e pedi um compromisso firme de que o PC não iria tentar acabar com nossa organização. Sugeri que a Gazeta arrendasse a gráfica da Tribuna, pagasse, e nós imprimíssemos o jornal. Cheguei a conversar depois sobre essa proposta com o PC, e ele disse que adorou. Na hora de formalizar o acordo, sumiu. O Cláudio Vieira então me disse que o Paulo César estava com outras idéias e ia me procurar. Estou esperando até hoje.

VEJA - Por que o pre­sidente Collor, se é ele que está por trás dessa rede de comunicações montada pelo PC, esta­ria interessado em preju­dicar e até destruir os negócios da família?
Pedro Collor - É uma questão que só Freud explica. (Tereza, mulher de Pedro Collor. pede para falar)
Tereza - O Fernando Collor faz isso porque o Pedro não se submete a ele. O Fernando viu que não podia tirar o Pedro da administração dos negócios da família. Foi o Pedro quem geriu, e bem, as empresas durante esses anos todos. O Fernando quer o meio de comunicação e instrumento político, enquanto o Pedro tem a responsabilidade de administrá-lo como empresa. É daí que nasceu a divergência.

VEJA - O senhor acha mesmo que o PC é um testa-de-ferro do presidente nos negócios?
Pedro Collor - Eu não acho, eu afirmo categoricamente que sim. O Paulo César é a pessoa que faz os negócios de comum acordo com o Fernando. Não sei exatamente a finalidade dos negócios, mas deve ser para sustentar campanhas ou manter o status quo

VEJA - De quem é o apartamento de Paris onde funciona a S.CI . de Guy des Longchamps e Ironildes Teixeira?
Pedro Collor - É dele.

VEJA - Dele, quem?
Pedro Collor - Dele. Do Fernando, claro.

VEJA - O senhor não tem dúvidas?
Pedro Collor - Não tenho a menor dúvida.

VEJA - De quem é o jatinho Morcego Negro?
Pedro Collor - Acho que é do Paulo César, mas não posso afirmar.

VEJA - O presidente Collor sairá mais rico do governo?
Pedro Collor - Em patrimônio pessoal, sai. Sem dúvida nenhuma.

VEJA - O presidente está envolvido na sua denúncia de que o Paulo César recebeu unta comissão de 22% sobre os negócios entre a empresa IBF e o governo para a implantação da raspadinha federal?
Pedro Collor - O Fernando não entra no varejo da coisa. Ele apenas orienta o negócio.

VEJA - O que acontece com o dinheiro?
Pedro Collor - O Paulo César diz para todo mundo que 7O% é do Fernando e 3O% é dele.

VEJA - O senhor acredita nisso?
Pedro Collor - Eu não sei se a porcentagem exata é essa.

VEJA - Mas o senhor sustenta que existe uma sociedade entre os dois?
Pedro Collor - Tenho certeza de que é assim. Existe urna simbiose aí. Eu não estendo as acusações ao Fernando diretamente. Uma coisa é você concordar. Outra coisa é operacionalizar. São duas coisas distintas. Operacionalizar, no sentido do dolo, no sentido do ilícito, isso é muito do temperamento do PC. Ele tem prazer nisso. O Fernando é incapaz de sentar em uma mesa e dizer assim: “O negócio é o seguinte: preciso de uma grana para a minha campanha. Me ajuda”. Pode estar nu e sem sapato que não pede ajuda. Já o PC toma. Deixa você nu se for possível.

VEJA - O senhor já ouviu do Paulo César que ele tem essa associação com o seu irmão?
Pedro Collor - Sim, já ouvi dele.

VEJA - E do presidente?
Pedro Collor - Não, do Fernando, não.

VEJA - O PC é uma pessoa digna de crédito?
Pedro Collor - Se ele foi o tesoureiro de duas campanhas do Fernando, se age com age publicamente, se ele mesmo fala isso, eu só posso concluir que é verdade.

VEJA - Qual foi a última vez em que o senhor e o presidente conversaram sobre as atividades de PC Farias?
Pedro Collor - Em janeiro deste ano. Eu tinha acabado de chegar do exterior e o Fernando me chamou para almoçar. Foi uma conversa afável, embora o Fernando, tenha se mostrado cuidadoso ao mencionar o nome do PC. Pisava em ovos. Eu reclamei da maneira como o PC vinha tentando destruir o nosso jornal em Alagoas, chamando nossos funcionários. Foi uma conversa sobre os problemas com o jornal.

VEJA - O senhor mencionou as denúncias de corrupção sobre PC?
Pedro Collor - Com o Fernando, exatamente, não. Falei "n" vezes com os meus irmãos Leopoldo e Leda, com o Cláudio Vieira e o Marcos Coimbra.

VEJA - Por que nunca falou diretamente com o presidente?
Pedro Collor - Eu sentia que, se eu falasse, ele iria ter uma explosão violentíssima. O Fernando não gosta de escutar críticas.

VEJA - Por que o senhor passou a envolver o presidente Collor nas suas denúncias contra o PC?
Pedro Collor - Eu comecei a receber ameaças de morte dos irmãos do PC através de interlocutores comuns. Cheguei a falar com o Cláudio Vieira sobre tudo o que estava acontecendo. Concluí que o PC não estava agindo por conta própria. É o estilo típico do Fernando usar instrumentos. Ele não ataca de frente.

VEJA - O senhor não acredita que exista uma vontade política real do presidente em investigar as atividades de PC Farias. Afinal, a Receita Federal foi acionada para vasculhar o imposto de renda de PC?
Pedro Collor - Não acredito nisso. Acho que a investigação ia ser empurrada com a barriga e seria apenas retórica.

VEJA - Qual a diferença entre o PC Farias e o Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP? Ou entre o PC e o Cláudio Vieira? Ou entre eles e o Claudio Humberto?
Pedro Collor - São os métodos. O PC é o erudito do roubo, da corrupção, da chantagem. Os outros têm uma aspiração, mas também têm um teto. O PC não tem limites.

VEJA - Mas o PC vai até onde?
Pedro Collor - Ele é capaz de matar para extorquir.

VEJA - O senhor apresentou o PC Farias ao Fernando Collor. Quando começou a afastar-se dele? Por quê?
Pedro Collor - Na época eu não o via como hoje. Ele era um sujeito enrolado com negócios, mas apenas isso. Não pagava as contas. Mas era um sujeito jeitoso, muito insinuante, muito simpático. Ele é muito envolvente em negócios. Comecei a me afastar quando o Fernando se tornou governador do Estado.

VEJA - O senhor tem alguma coisa contra o cidadão Fernando Collor, seu irmão?
Fernando Collor - Pessoalmente, o Fernando é um sujeito extremamente talentoso, carismático, magnético e, em alguns momentos, é uma criatura fantástica, cheia de energia. Ao mesmo tempo, é rancoroso, vingativo e adora manipular as pessoas. Ele gosta das pessoas subservientes.

VEJA - O senhor chegou a falar que o seu irmão Fernando tentou se insinuar junto a sua mulher, Tereza. Como foi isso?
Pedro Collor - Não foi exatamente isso. Eu e Tereza tínhamos passado por uma crise conjugal, o que acontece muitas vezes entre casais. Isso foi em 1987, quando Fernando era governador de Alagoas. Nesta ocasião, eu estava no Canadá. Tive a informação de que ele chamou Tereza para conversar no palácio. Conversaram durante um bom tempo. Ali era o lugar onde ele tinha intercurso, com algumas moças. Houve fofocas sobre isso e eu fui informado. Tereza foi depois para Paris e Fernando me chamou para dizer que havia conversado com ela e que eu me preparasse porque ela iria se separar de mim. Disse que eu havia pisado muito na bola e que me preparasse. Em paralelo, eu sabia que ele estava telefonando para ela em Paris, naturalmente utilizando a fragilidade da relação para telefonar e talvez até fazer a cabeça dela. Eu consegui as contas telefônicas do palácio que comprovaram essas ligações.

VEJA - Houve uma tentativa explícita de sedução?
Pedro Collor - Eu acredito que implicitamente ele tentava mapear a situação, diante de uma pessoa fragilizada emocionalmente pela perspectiva de uma ruptura de casamento. Uma voz simpática. um ombro amigo...

VEJA - Tereza, houve uma tentativa de sedução?
Pedro Collor - Não, ele tem esse jeito de falar que é meio fraternal, meio conselheiro.

VEJA - Apesar de sua suspeita de paquera por que continuou freqüentando seu irmão? Por que esteve na posse dele como presidente?
Pedro Collor - Porque não se deve sair arrebentando portas. Tive controle emocional.

VEJA - Pelo que se deduz, o senhor coloca esse episódio como um entre vários através dos quais seu irmão tenta atingi-lo. É isso?
Pedro Collor - O que ele quer é me ver distante do comando administrativo das empresas que temos. Para colocar uma pessoa dele lá dentro, por uma questão política.

VEJA - O senhor nomeou alguém para o governo federal?
Pedro Collor - Nem para a prefeitura de Maceió nem para o governo de Alagoas nem para o governo federal.

VEJA- Por quê?
Pedro Collor - Não é do meu feitio.

VEJA - O que o senhor acha das nomeações do Leopoldo (irmão mais velho de Collor)?
Pedro Collor - Eu não conheço as nomeações do Leopoldo. Não converso sobre esse assunto com ele.

VEJA - O senhor já admitiu que consumiu drogas na juventude. Como foi isso?
Pedro Collor - Quando eu era jovem, era uma coisa que estava na moda, lá por 1968,1969,197O.

VEJA - Em 1968, o senhor estava com 16 anos de idade.
Pedro Collor - Mas é isso.

VEJA - Que tipo de droga?
Pedro Collor - Cocaína.

VEJA - Seu irmão Fernando também?
Pedro Collor - Sim.

VEJA - Foi ele que o induziu a experimentar cocaína?
Pedro Collor - Não é que induziu, nem apresentou nem nada. As pessoas, por serem de faixa etária um pouco acima, naturalmente têm mais acesso a esse tipo de coisa. Foi assim que aconteceu.

VEJA - LSD também tinha?
Pedro Collor - Teve também LSD, umas duas ou três vezes.

VEJA - O senhor largou isso quando?
Pedro Collor - Logo depois. Senti que me fazia mal. Emagreci muito.

VEJA - Quanto ao presidente, o senhor tem notícia de que ele tenha consumido drogas após essa época na Juventude?
Pedro Collor - Não, depois dessa época. não.

VEJA - O senhor já ouviu falar em Allan Mishai Fauru?
Pedro Collor - Conheço desde menino do Rio. Um belo dia, o Fernando já governador, me parece, o Allan o convidou para ser padrinho do casamento dele. Depois ele se mudou para Maceió, anos mais tarde, e montou um boteco. Soube depois que ele tinha ligações com traficantes, vendia, repassava. Mas ele não tem qualquer relação com o Fernando, absolutamente.

VEJA - O senhor não acha que as instituições brasileiras correm algum risco com assuas denúncias?
Pedro Collor - Acho que nossas instituições agüentam o tranco. Se eu começar a entrar muito em considerações a respeito do governo, eu não dou um passo. Tenho de fazer aquilo que acho correto. Que os outros façam as partes deles.

VEJA - O senhor acredita que, com as últimas mudanças no ministério, o PC é menos influente no governo?
Pedro Collor - Sim. Ele perdeu toda ou quase toda a sustentação.

O Movimento do Caras Pintadas

Em 16 de agosto de 1992, milhões de jovens brasileiros tomaram as ruas das capitais com a cara pintada e vestindo roupas negras, como luto contra a corrupção do governo do então presidente do Brasil, Fernando Collor. Aquele domingo, mais tarde, ficaria conhecido como o “domingo negro” e aqueles grupos de jovens que, apesar de distantes clamavam em mesma voz pela justiça e pelo impeachment de Collor, ficaram conhecidos como Caras Pintadas. O movimento estudantil dos Caras Pintadas teve sua primeira reunião em 29 de maio de 1992. E as manifestações públicas aconteceram entre agosto e setembro daquele ano.

Desde a época das Diretas Já (1982-1984), os estudantes brasileiros estavam bem envolvidos com os processos políticos do nosso país. Neste sentido, é possível citar conquistas como o passe livre nos transportes e o direito da meia-entrada em espetáculos culturais. Os processos políticos no nosso país sempre foram temas de debates. Seja pelas ditaduras que passamos ou pelo início de uma democracia bastante questionável. Em relação a estes questionamentos, Fernando Collor talvez seja o maior exemplo de frustração política e distorção de imagem na nossa história.

Fernando Collor de Mello foi eleito em 1989 e tomou posse em 1990. Durante o processo eleitoral, muitas críticas foram feitas por conta da interferência de grandes organizações privadas.  Com o passar do seu mandado, Collor foi bastante questionado por medidas econômicas adotadas como mudança de moeda, criação de impostos (IOF), aumento de tarifas públicas e redução de incentivos. Todas essas medidas ficaram conhecidas como “Plano Collor”.

Um dos eventos considerados o estopim foi  o chamado confisco da poupança, que obrigou todos os cidadãos brasileiros a emprestarem todo o dinheiro que tivessem em suas poupanças que excedesse os Cr$50.000,00. O governo prometia que devolveria o dinheiro emprestado em um prazo mínimo.

A situação ficou fora de controle depois que Pedro Collor de Mello, irmão de Fernando Collor, apresentou diversos documentos que indicavam roubo de dinheiro público, enriquecimento ilícito, tráfico de influência e corrupção. Em entrevista concedida à revista Veja, Pedro Collor citou seu irmão presidente e Paulo César Farias (PC Farias) como cabeças-chave do esquema. O circo estava armado e as entidades civis do país se reuniram para iniciar o “Movimento pela Ética na Política”.

Questão 2 - Caderno Cor-de-Rosa Enem 2011

Conceito de Moral e Etica!

O que são normas morais?

Por tópicos:

   -  As normas morais são regras de convivência social;
   -  As normas morais obedecem sempre a três princípios:

o     auto-obrigação,
o     universalidade,
o     incondicionalidade;

    -  São sempre importantes, mesmo que não efectivamente cumpridas.

As normas morais são regras de convivência social ou guias de acção, porque nos dizem o que devemos ou não fazer e como o fazer.

As normas morais obedecem sempre a três princípios. Primeiro que tudo, são sempre caracterizadas por uma auto-obrigação, ou seja, valem por si mesmas independentemente do exterior, são essenciais do ponto de vista de cada um. Também são universais, e são universais porque são válidas para toda a Humanidade, ninguém está fora delas e todos são abrangidos por elas. Por último, as normas morais são também incondicionais, visto que não estão sujeitas a prémios ou penalizações, são praticadas sem outra intenção, finalidade.

Mesmo que não sejam cumpridas, as normas morais existem sempre, na medida em que o Homem é um ser em sociedade e nas suas decisões tenta fazer o bem e não o mal. E por vezes, mesmo que as desrespeite, o Homem reconhece sempre a sua importância e o poder que elas têm sobre ele.

2. Qual a diferença entre a moral e a ética?

Por tópicos:

      -  A moral tem um carácter:

o     Prático imediato
o     Restrito
o     Histórico
o     Relativo

       -  A ética:

o     Reflexão filosófica sobre a moral
o     Procura justificar a moral
o     O seu objecto é o que guia a acção
o     O objectivo é guiar e orientar racionalmente a vida humana.

Apesar de terem um fim semelhante: ajudar o Homem a construir um bom carácter para ser humanamente íntegro; a ética e a moral são muito distintas.

A moral tem um carácter prático imediato, visto que faz parte integrante da vida quotidiana das sociedade e dos indivíduos, não só por ser um conjunto de regras e normas que regem a nossa existência, dizendo-nos o que devemos ou não fazer, mas também porque está presente no nosso discurso e influencia os nossos juízos e opiniões. A noção do imediato vem do facto de a usarmos continuamente. A ética, pelo contrário, é uma reflexão filosófica, logo puramente racional, sobre a moral. Assim, procura justificá-la e fundamentá-la, encontrando as regras que, efectivamente, são importantes e podem ser entendidas como uma boa conduta a nível mundial e aplicável a todos os sujeitos, o que faz com que a ética seja de carácter universalista, por oposto ao carácter restrito da moral, visto que esta pertence a indivíduos, comunidades e/ou sociedades, variando de pessoa para pessoa, de comunidade para comunidade, de sociedade para sociedade. O objecto de estudo da ética é, portanto, o que guia a acção: os motivos, as causas, os princípios, as máximas, as circunstâncias; mas também analisa as consequências dessas acções. A moral também se apresenta como histórica, porque evolui ao longo do tempo e difere no espaço, assim como as próprias sociedades e os costumes. No entanto, uma norma moral não pode ser considerada uma lei, apesar da semelhança, porque não está escrita, mas sim como base das leis, pois a grande maioria das leis é feita tendo em conta normas morais. Outra importante característica da moral (e esta sim a difere da lei) é o facto desta ser relativa, porque algo só é considerado moral ou imoral segundo um determinado código moral, sendo este diferente de indivíduo para indivíduo. Finalmente, a ética tem como objectivo fundamental levar a modificações na moral, com aplicação universal, guiando, orientando, racionalmente e do melhor modo a vida humana.



3. A ética aplicada

Cada vez é mais necessária uma ética aplicada, uma ética que coexista com o quotidiano das pessoas. Esta ética deve ser específica, dividida em ramos, para melhorar analisar cada situação, sendo um bom exemplo disso os códigos éticos para as diferentes profissões. Isto acontece porque as pessoas têm que entender que as suas acções têm consequências não só para si mas também para os outros, e que estas não podem ser encaradas só de um ponto de vista. (dar um exemplo: clonagem, personalismo, bioética, ética da informação, ética do jornalismo, etc.)

 1ª Questão Enem 2011 - Caderno Cor de rosa.